A carioca Ana Paula Costa de Azevedo, 44 anos, decidiu pelo Direito Trabalhista quando trabalhava como supervisora de vendas no setor privado, e era fundamental estar atualizada sobre a legislação. Diariamente ela lidava com contratações/demissões e percebeu como os empregados não conheciam seus direitos. Formada em 2019 pela Universidade Estácio de Sá (RJ), seu primeiro emprego como advogada foi no escritório Machado Silva & Palmisciano Advogados, ainda estagiária, em 2018. Um ano depois foi efetivada, e desde então viveu vários bons momentos e fortes emoções, sempre focada em diminuir as desigualdades sociais.
Com dois filhos, uma de 24 e outro de 19, Ana Paula se dividiu como mãe, trabalhadora e estudante na maior parte de sua vida. Antes de ser advogada, ela laborou por 15 anos no comércio – de caixa de restaurante, passou para o setor de vendas e alcançou o posto mais alto: supervisora de vendas em uma grande rede varejista do Rio. “Com o tempo fui me apaixonando pelo Direito e decidi militar nesta área trabalhista, pois vivenciei a realidade do empregado, que é a parte mais fraca da relação ’empregado X empregador’ e, inúmeras vezes, acaba sendo lesado em seus direitos”, explica. Ela conta, por exemplo, que nos momentos de demissões, na maioria das vezes, o trabalhador precisava recorrer ao judiciário para garantir seus direitos. “Isso me incomodava e foi um fator importante e decisivo na minha escolha pelo Direito do Trabalho”.
Para Ana Costa, como costuma ser chamada profissionalmente, um dos grandes desafios dessa vertente do Direito é combater a falsa autonomia. “Hoje, temos muitos trabalhadores que para se manter no mercado de trabalho se sujeitam a abrir CNPJs, se camuflando de autônomos, quando, na realidade, são empregados sem carteira assinada e, consequentemente, sem direitos trabalhistas”, observa. “Muitos empresários enxergaram nessa situação uma boa oportunidade de burlar direitos trabalhistas. E são esses maus empresários que temos de combater”, complementa.
Apesar dos desafios, a advogada já viveu boas emoções no seu curto tempo de profissão, como na primeira sustentação oral na segunda instância do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-1), com quatro processos diferentes na mesma turma. “Como algo novo, experimentei muita ansiedade, mas felizmente deu tudo certo e os resultados foram positivos”, lembra. Apaixonada pela profissão, seu recado para quem está começando é que sempre seja verdadeiro com o cliente, deixando claro quais são suas reais possibilidades de ganhar ou não a causa. “Quando pego uma causa penso que é pra mim, sempre dou o meu melhor e acredito que uma causa bem feita reflete lá na frente, na aposentadoria do trabalhador, por exemplo, e por isso me dedico tanto, pois sei da importância do reflexo de uma decisão trabalhista no futuro da vida do empregado”.
Perguntada sobre o que gostaria de ver melhorado no Direito Trabalhista, ela não hesita: “Meu desejo é que o Ministério Público do Trabalho (MPT) fiscalize com mais rigor o cumprimento das leis trabalhistas”. Sobre a Reforma Trabalhista de 2017, a advogada alerta que são quase cinco anos sem nenhum benefício para o empregado e sem cumprir com a promessa de aumento significativo do emprego. “O que vivenciamos no Brasil é o aumento da informalidade e, consequentemente, a diminuição do número de pessoas que trabalham com carteira assinada”. Para que o cenário mude, Ana Costa defende uma fiscalização séria. “A reforma trouxe muito trabalhador e pouco empregado”, alerta.