Até meados do século XIX, os trabalhadores jamais pensaram em exigir dos patrões seus direitos trabalhistas, apenas trabalhavam. Mas, a partir de 1886, aconteceu uma manifestação nas ruas de Chicago (EUA) para reivindicar a redução da jornada de trabalho (de 13 horas para 8 horas diárias). Organizada pela Federação Americana do Trabalho, a greve contou com a participação de milhares de operários que se reuniram nas ruas da cidade. Durante o confronto com a polícia, uma bomba explodiu resultando em mortos e muitos feridos. Esses conflitos estadunidenses ficaram conhecidos como Revolta de Haymarket.
Três anos após esses protestos nos Estados Unidos foi convocada em Paris, no dia 20 de junho de 1889, uma manifestação anual para reivindicação das horas de trabalho, programada para o dia 1º de Maio, como homenagem às lutas sindicais em Chicago. Porém, foi só em abril de 1919 que o Senado francês ratificou as 8 horas de trabalho e proclamou o dia 1º de maio como feriado. O Dia do Trabalhador nasceu para lembrar as disputas realizadas, celebrar as conquistas alcançadas e lutar pela criação de novos direitos sociais.
Após alguns anos, outros países também seguiram o exemplo da França e decretaram o dia 1º de maio como feriado nacional dedicado aos trabalhadores.
No Brasil data foi oficializada em 1924
Os primeiros registros de manifestações operárias no Brasil são do final do século 19, em 1891, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Mas o primeiro protesto de rua ocorreu somente um ano depois, na cidade de Porto Alegre, no Sul do país. A data Dia do Trabalhador foi oficializada em 1924 — durante a gestão do presidente Artur Bernardes pelo decreto de 26 de setembro. “Artigo único: é considerado feriado nacional o dia 1° de maio, consagrado à confraternidade universal das classes operárias e à comemoração dos mártires do trabalho; revogadas as disposições em contrário”, diz o documento.
Em 1940, o presidente Getúlio Vargas utilizou o 1° de maio para anunciar o novo salário mínimo. Um ano depois, o presidente usou a mesma data para marcar a criação da Justiça do Trabalho, que visava resolver os conflitos existentes entre os trabalhadores e seus patrões;
Também no primeiro Governo de Getúlio Vargas (1930-1945), em 1° de maio de 1943, foi criada e sancionada a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Naquele ano, mudou-se a denominação de Dia do Trabalhador para Dia do Trabalho.
CURIOSIDADES
- O Dia do Trabalhador ou Dia do Trabalho é celebrado em vários países do mundo em 1.° de maio, dia que é feriado no Brasil e em mais cerca de 80 países, entre eles Argentina, Espanha, França, Portugal, Rússia.
- Estados Unidos e Canadá celebram o “Labour Day” na primeira segunda-feira do mês de setembro. Na Austrália, comemora-se a data em duas ocasiões: na parte ocidental, em 04 de março e, na parte meridional, em 07 de outubro.
Pra não esquecer
Atentado do Rio Centro
Tentando culpar a esquerda pelos violentos atos, membros do Exército brasileiro explodiram duas bombas no Rio de Janeiro para frear a reabertura política do país, na noite de 30 de abril de 1981, durante um espetáculo musical comemorativo do Dia do Trabalhador/Dia do Trabalho. Enquanto 20 mil pessoas assistiam ao espetáculo no RioCentro, centro de convenções na zona oeste, no pátio do estacionamento uma bomba explodiu no interior de um automóvel Puma, matando o sargento Guilherme Pereira do Rosário (35 anos) e ferindo o capitão Wilson Luís Chaves Machado (33). Os dois eram integrantes do Doi-Codi. Outra bomba foi colocada na casa de força do prédio, mas não chegou a explodir.
O episódio ocorreu durante o governo do general João Batista Figueiredo. Testemunhas da Comissão Nacional da Verdade afirmam que os dispositivos deveriam ter sido colocados embaixo do palco principal do local. Segundo texto da Fundação Getúlio Vargas, a contradição entre a conclusão do inquérito, de que os dois militares haviam sofrido um atentado, e a suspeita de que uma explosão acidental teria frustrado uma ação terrorista de oficiais das forças armadas destinada a causar pânico e mortes, e a dificultar o processo de abertura política pela qual passava o país depois de quase duas décadas de regime militar. O caso teve repercussões até a década de 1990.
Em 1999, por exemplo, o caso foi reaberto pela procuradora da República, Gilda Berer. Foram responsabilizados pelos crimes o sargento Guilherme Pereira do Rosário e o capitão Wilson Dias Machado, o ex-chefe da Agência Central do SNI, general Newton Cruz, e o ex-chefe da agência do SNI no Rio, coronel Freddie Perdigão. No entanto, o Superior Tribunal Militar fez com que o caso fosse, novamente, arquivado, considerando que a decisão anterior decidiu por enquadrar o atentado à Lei da Anistia. Como consequência disso, os envolvidos não sofreram com nenhuma punição.
Nos meios militares, o pedido de reabertura do caso Riocentro provocou várias reações. Enquanto o coronel da reserva Niderval Lima declarou nada ver de errado em se “procurar fazer justiça e desvincular o Exército do episódio”, pois “o Exército, como instituição, não erra”, o então deputado federal Jair Bolsonaro avaliou a decisão como revanchismo contra as forças armadas.
Livros sobre o atentado –
– Bomba no Riocentro, de Belisa Ribeiro (1981);
– Aventura, corrupção e terrorismo: a sombra da impunidade, de Dickson Grael (1985),
– Riocentro: Quais os Responsáveis pela Impunidade,, de Júlio de Sá Bierrenbach (1996).