Em defesa da vida, os educadores não retornam às atividades presenciais e o movimento ganha corpo em todo o país. Docentes do Rio de Janeiro, Paraná e São Paulo, assim como de inúmeros outros municípios brasileiros, já decidiram não regressar às escolas.
A incerteza sobre o cronograma de vacinação e a exclusão dos profissionais de educação dos grupos prioritários está levando professores e demais funcionários da educação a se manifestar quanto à volta das aulas presenciais. Os docentes continuam trabalhando na modalidade virtual, assim como foi durante o ano de 2020, assegurando o ensino dos alunos. Uma das insatisfações da classe é a falta de diálogo a respeito da logística desse retorno.
Para a advogada Maiara Leher, é importante alimentar o debate, além de ouvir a opinião dos professores e funcionários da educação. “Precisamos contemplar a diversidade de ideias e opiniões, considerando, especialmente, os argumentos apontados pelos profissionais de educação que conhecem a realidade das escolas públicas brasileiras”. É desta forma, diz Maiara, que vamos encontrar a melhor maneira de fazer o retorno às aulas presenciais. “Precisamos garantir a segurança de todos”, observa a sócia do escritório Machado Silva & Palmisciano.
Os profissionais também lutam pela reposição de perdas salariais. O reajuste do piso dos magistérios deveria ser de 5,89%, mas uma portaria interministerial publicada por Jair Bolsonaro (presidente sem partido) em novembro de 2020 fez o percentual de correção cair para 0%.
Em janeiro, docentes do Paraná já haviam decidido em Assembleia Geral não retornar às escolas. Em fevereiro foi a vez do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (SEPE RESENDE-RJ), que deliberou em assembleia, por unanimidade, também não retornar às atividades presenciais. No mesmo mês, trabalhadores de São Paulo se negaram a retomar às atividades presenciais.
Maiara Leher salienta que é necessário maior participação da comunidade escolar. “A decisão acerca do momento e das condições para a reabertura das escolas deverá ser fruto de um debate amplo e coletivo, respeitando o princípio constitucional da gestão democrática da educação”.
Colégio Pedro II
Um bom exemplo de gestão democrática tem sido a conduta dos servidores do Colégio Pedro II, do Rio de Janeiro, cujo sindicato é cliente da MSP. Desde o ano passado, a categoria – docentes e administrativos – votou de forma unânime para que o retorno presencial ocorra somente após a vacinação. “O respeito à vida e a consciência de que nossa instituição atende diversas comunidades de grande vulnerabilidade, nos dá a certeza de que o retorno às aulas presenciais só pode ocorrer dentro de um parâmetro seguro para todos os envolvidos”, diz a coordenadora do Sindicato dos Servidores do Colégio Pedro II, Elizabeth Soares Dutra. Para ela, a mais plausível segurança neste momento é a vacinação.