Bancários e bancárias de todo o Brasil, assim como outros trabalhadores, estão diariamente expostos aos riscos causados pelo coronavírus. É o caso de Daniela Ramos Pereira, acometida pela Covid-19 no ambiente de trabalho, em setembro de 2020. Ela passou por momentos desesperadores devido à doença, que também contaminou seus pais com mais de 70 anos. Se não bastassem os problemas de saúde, a bancária enfrentou um outro fantasma: o desemprego. Daniela foi demitida pelo banco Santander de Teresópolis (RJ) em pleno ano pandêmico, dez dias depois de voltar ao trabalho, ainda fraca, em 8 de outubro.
Ao mesmo tempo, ela vivenciou e reconheceu a importância e a agilidade do Sindicato dos Bancários de Teresópolis, que concedeu toda a assistência, encaminhamento e a defesa vitoriosa do escritório Machado Silva & Palmisciano. “Me senti acolhida na busca pelos meus direitos e acreditei nas advogadas”, afirma Daniela, com dez anos de Santander. Em 2 de dezembro, a decisão da juíza da 1ª Vara do Trabalho de Teresópolis determinou a imediata reintegração da bancária, mantendo todos os seus direitos e garantias adquiridas no contrato de trabalho, como por exemplo, a manutenção do plano de saúde.
“Em Teresópolis até o momento tivemos três demissões durante a pandemia – duas no Bradesco e a do Santander”, revela o presidente do Sindicato dos Bancários de Teresópolis, gestão 2020/2024, Cláudio de Souza Mello. A de Daniela, segundo Mello, chamou mais atenção, pois o banco não teve o menor constrangimento na demissão da trabalhadora, que saiu da sua função de caixa para ficar na porta da agência filtrando a entrada dos clientes, de acordo com os protocolos e decretos que foram baixados nos municípios brasileiros. “Me expus a riscos atendendo a população e quando retornei fui demitida sem o menor escrúpulo”, esclarece Daniela.
Infelizmente, afirma o presidente do Sindicato, os bancos estão demonstrando mais uma vez a falta de sensibilidade e responsabilidade social, principalmente nos últimos meses. “Assim que foi declarada a pandemia, o comando nacional dos bancários teve uma negociação com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), regulamentando os protocolos de segurança para os trabalhadores/trabalhadoras do sistema financeiro e para que não ocorressem demissões”, explica Mello. Na imprensa, por exemplo, os grandes bancos se comprometeram que não haveria demissão no setor e comunicaram isso a seus acionistas.
“Passados alguns meses, os bancos começaram a demitir e nós estamos empenhados em cobrar que eles cumpram a palavra”, diz o presidente do Sindicato. A funcionária ainda não voltou para desempenhar a função de caixa, pois está em licença devido a uma queda no final de outubro. Hoje ela faz fisioterapia para voltar a ter movimento em um dos braços e retornar ao trabalho, conforme decisão judicial. “É uma batalha que estamos iniciando, mas Daniela, assim como outros bancários, podem contar conosco, com nossa assessoria técnica, para que a gente combata essa injustiça que os bancos estão cometendo com nossa categoria”, finaliza Mello.